"O analógico é por natureza maravilhoso. Cores, texturas e uma latitude que o digital nunca terá naturalmente. "

Antes de tudo, nos da 35mmag gostaríamos de agradecer pela sua contribuição ao projeto. Poderia se apresentar para nós?

Sou Cássio Murilo, nascido em Birigui mas pontagrossense de coração, curso engenharia mecânica mas amo fotografar, sendo esse um dos motivos d'eu querer cursar jornalismo.


Esse bate papo foi muito especial, adoramos o trabalho do Cássio, e colocamos uma música muito especial para ele, assim você acompanha com a trilha sonora.




35mmag - Como iniciou na fotografia?
Cássio - Meu pai é fotógrafo há cerca de trinta anos. Cresci no meio das câmeras, rolos de filme e afins. Quando criança, tive uma instamatic de filme 126, que era um dos brinquedos inseparáveis [inclusive, tenho ela até hoje]. A partir dos dez anos comecei a acompanhar meu pai em pequenas festinhas, com doze eu já o ajudava em casamentos e outros eventos maiores, com a fotocélula. Porém, meu real interesse em realmente fotografar surgiu apenas aos vinte, quando eu já estava fora de casa. Voltei pra casa e trouxe uma das analógicas antigas dele comigo, uma Pentax K1000 e um rolo de Fuji Pro Value, isso foi em agosto de 2012. Desde então, a febre só aumentou.


35mmag - Sabendo que você cresceu com a fotografia fazendo parte da sua vida, por que permaneceu no equipamento analógico?
Cássio - A estética do analógico é algo que eu realmente amo. O digital é o tipo de mídia que necessita "maquiagem", também conhecida como edição, pra ficar com bom aspecto. O analógico é por natureza maravilhoso. Cores, texturas e uma latitude que o digital nunca terá naturalmente. Saindo um pouco da estética e indo para o ato em si de fotografar, digo que também me agrada mais. Tudo é mais sensitivo: engatilhar, focar e disparar. Tanto que existem câmeras analógicas eletrônicas, com tudo automático, que em nada me agradam por justamente roubarem parte da magia envolvida. Pra finalizar, creio que, inconscientemente, é uma maneira de me manter em contato com a criança que eu fui um dia

35mmag - Qual fotógrafo(a) te inspira?
Cássio - Durante um bom tempo eu não tive um ícone na fotografia, eu gostava simplesmente de registrar o que eu julgasse interessante. Claro, meu pai foi quem me ensinou tudo em termos técnicos. Mas em inspiração, minha vida mudou quando eu descobri um tal de William Eggleston. A abordagem dele era tudo o que eu queria transmitir, e pra melhorar, ele usava Kodachrome, o filme que mais amo e que nunca tive chance de usar. Cores incríveis em cenas despretensiosas, é o que eu realmente amo fazer.


35mmag - Então seu filme favorito é o Kodachrome? Por que?
Cássio - Eu poderia cantar a música do Paul Simon pra responder essa (Risos). Simplesmente são cores e grãos que nenhum outro filme nos proporciona, os mais próximos seriam o próprio Ektachrome também da Kodak, que voltará a ser produzido esse ano, algo que arrancou milhões de lágrimas de mim. O Velvia 50, da Fuji, é outro que se aproxima muito, mas não é a mesma coisa. Meu maior sonho fotográfico é um dia poder usar o Kodachrome, sonho com possibilidades abaixo de remotíssimas, mas que a Kodak fez o favor de nos provocar dizendo que investigaram o que seria necessário para traze-lo de volta. Se isso acontecer e eu tiver a chance, serei muito grato à vida. Kodachrome é um marco na história da imagem no século XX e, se tudo correr bem, poderá se fazer presente no século XXI também.


35mmag - Suas fotografias tem um estilo específico, como você as define?

Cássio - Essa é difícil, realmente não sei definir. Não sou abstrato, nem necessariamente concreto. Acho que o meu conceito é não ter conceito, eu realmente ajo por instinto. Se uma determinada cena me chama atenção e estou com a câmera na mochila, irei fotografa-la. Gosto de formas, prédios, linhas, céu limpo, não sou muito de fotografar pessoas. Costumo ser um "olhar tímido" pelas ruas, e eu não sou uma pessoa tímida, isso é muito estranho.


35mmag - Conte-nos alguma experiência marcante durante o seu trabalho.

Cássio - Eu moro perto da linha do trem aqui e sempre tive a pira de fotografar um trem atravessando a avenida. Me enrolei um bom tempo até que, um dia, desci até o cruzamento e fiquei cerca de quarenta minutos no aguardo. Foi em agosto de 2013, numa sexta feira a tarde. Eu estava com um Fuji Neopan SS vencido em 1978 na Nikon FM, era o primeiro filme vencido que eu usava e tinha muito medo de fotometrar errado. Por sorte, consegui capturar o trem do jeito que eu queria e a foto ficou incrível.


E ai, gostou do Cássio? Aqui disponibilizamos o seu Flickr para você apreciar muitas outras fotografias.

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